Normalmente este tipo de tratamento é indicado para feridas de difícil cicatrização (como, por exemplo, nas nádegas de pessoas acamadas por um longo período e nos pés de diabéticos); infecções graves com destruição muscular, de pele, ou gordura subcutânea; lesões de bexiga, intestinos, ossos e cérebro, causadas tardiamente por radioterapia; esmagamentos e amputações traumáticos; infecção crônica dos ossos; procedimentos de cirurgia plástica reparadora, quando se recobre uma ferida com pele ou músculos retirados de outra parte do corpo do próprio paciente, com risco de insucesso; presença de bolhas de ar na corrente sanguínea (“embolia gasosa arterial”), complicação passível de ocorrer após a realização de alguns procedimentos médicos; queimaduras extensas; coleção de pus ou ar no cérebro, causados, respectivamente, por processo infeccioso e trauma.
Alguns sinais e sintomas bastante benignos são relatados pelos pacientes. Imediatamente após a sessão, por exemplo, o paciente pode referir cansaço ou sonolência, cuja intensidade pode ser bastante variável. Nos raros casos em que o paciente tenha deglutido ar durante o tratamento, poderá sentir necessidade de eliminá-lo sob a forma de eructação (arrotos), até 2 horas após o término da sessão. Podem ser notadas alterações passageiras na coloração da pele as quais tendem a desaparecer progressivamente após o término da sessão.
Quando a pressão externa crescente, durante a pressurização, não é equilibrada dentro do ouvido ou nos seios da face, o paciente pode sofrer o que se convencionou chamar “barotrauma”, caracterizado por diminuição da audição, dor de ouvido ou dor na região correspondente ao seio(s) da face afetado (testa ou a região abaixo dos olhos) e, eventualmente, sangramento pelo nariz ou pelo ouvido. É uma complicação relativamente benigna, mas que obriga o paciente a interromper o tratamento por algum tempo. Por isso manobras são orientadas para prevenir estes efeitos.
A intoxicação do sistema nervoso pelo oxigênio, caracterizada por alterações na visão, audição, tremores, náuseas, tonteira e, muito raramente convulsões, pode ocorrer em qualquer indivíduo que esteja respirando oxigênio sob pressão. É de natureza benigna e cede em questão de minutos após a interrupção no fornecimento de oxigênio ao paciente, sem deixar sequelas.
Em tratamentos prolongados podemos observar o aparecimento de miopia (dificuldade para enxergar objetos à distância), que se reverte espontaneamente até 6 semanas após o término do tratamento.
Em pacientes idosos, geralmente diabéticos e já portadores de catarata, podemos observar uma piora deste quadro quando o número de sessões administradas for grande, geralmente acima de 60.
Como todo tratamento médico, este tratamento deve ser empregado adequadamente, isto é, nos casos indicados, no momento adequado e na dose correta para que o resultado adequado seja obtido.
Como regra geral, o paciente necessita submeter-se a uma sessão diária, 5 a 6 vezes por semana.
É impossível prever quantas sessões serão necessárias para até a resolução das lesões (feridas); dessa forma normalmente é empregado o protocolo “aberto” no qual o se iniciam as aplicações e se realizam reavaliações periódicas, prosseguindo-se o tratamento até quando for necessário.
Em trabalho realizado na USP e adotado pela SBMH como referência, verificou-se que o número total de sessões necessárias para a cicatrização dos processos variou entre 27 a 37 sessões para os pacientes com lesões “crônicas” e entre 9 a 22 sessões para pacientes com lesões “agudas”. O número máximo necessário foi de 170 para lesões “crônicas” e de 99 para lesões “agudas”.
Outras medidas terapêuticas podem interferir no resultado de forma positiva e acelerar o processo de resolução como: alimentação adequada, controle da glicemia, controle de obesidade, controle de tabagismo, e uso de antibióticos, quimioterápicos, curativos e procedimentos cirúrgicos, a depender de cada caso.
A câmara hiperbárica é indicada para os casos de queimaduras, embolias, úlceras, lesões pré-diabéticas, feridas, infecções bacterianas, infecções ósseas e mesmo intoxicação por monóxido de carbono, entre outras. Sendo aplicada somente mediante indicação médica, é necessária uma avaliação para confirmar a indicação.
Sendo um método utilizado para acelerar a cura das lesões e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, a Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) favorece a cicatrização das úlceras, através da ação sobre os fibroblastos, sobre a síntese do colágeno e no estímulo a formação de novos vasos sanguíneos nos tecidos carentes de circulação.
Na maioria dos casos sim, porém como todo tratamento médico existem algumas contraindicações absolutas e relativas que devem ser avaliadas pelo médico.
As contra- indicações absolutas são aquelas consideradas impeditivas para a realização do tratamento, pois poderiam trazer algum grau de risco a vida do paciente. Neste caso poderíamos citar a presença de ar entre as pleuras (“pneumotórax”) não tratada, convulsões, DPOC, febre elevada, neoplasias e gravidez.
As contra- indicações relativas não são, a princípio, impeditivas à realização do tratamento, porém impõem cautela em sua administração. Dentre estas podemos citar resfriados, sinusites, asma brônquica, bronquites, claustrofobia, história de pneumotórax espontâneo, história de cirurgia torácica ou do aparelho auditivo e lesões pulmonares achadas em exames de imagem (radiografias, tomografia computadorizada ou ressonância magnética). Nas contra- indicações relativas sempre devem ser levados em consideração os riscos e benefícios para expor o paciente ao regime de Oxigenoterapia Hiperbárica.
As recomendações prévias ao tratamento hiperbárico são bem mais restritivas quando se trata de câmaras “monoplace” (individuais), uma vez que estes equipamentos são, na sua maioria, pressurizados com oxigênio puro, o que aumenta o risco de incêndio. Nestes casos, são observadas as seguintes orientações, além das que já foram citadas:
- Retirar calças plásticas com botões e/ou velcro. Quanto ao uso de fraldas plásticas as mesmas deverão ser preferencialmente substituídas por lençóis de algodão durante a sessão;
- Deverá ser removido qualquer tipo de calçado. Só é permitido entrar na câmara hiperbárica com meias 100% algodão;
- Não deverão usar nenhum tipo de maquiagem, gel no cabelo ou produtos a base de álcool. Remover esmalte das unhas. Não utilizar desodorantes ou perfume em excesso;
- Deverão se removidos quaisquer materiais metálicos como brincos, anéis, colares, pulseiras, relógios, óculos, moedas e/ou outros;
- Deverão ser removidas lentes de contato e próteses auditivas;
- Próteses dentárias móveis e/ou metálicas serão removidas a critério médico;
- É vetada a introdução na câmara hiperbárica monopaciente de balas, chicletes, chupetas, brinquedos, livros e revistas;
- Curativos: curativos à base de Povidine Tópico ou Degermante não deverão ser usados no período mínimo de 6-8 horas antes do horário da sessão; aqueles à base de gaze vaselinada ou furacinada, óleos minerais ou vegetais (e/ou outros produtos similares) não são permitidos e deverão ser removidos antes da sessão; curativos nos quais foram empregados colagenase (“Iruxol”, “Fibrase”, “Kollagenase”) e sulfadiazina de prata (“Dermazine” e "Dermacerium”) são autorizados.